Adjectivos utilizados por Paul Thomsen, responsável pela equipa da troika que colabora com o Governo Português na resolução da sua crise financeira.
Thomsen mostra-se ainda mais surpreendido com a realidade de desemprego dos jovens portugueses do que com as contas nacionais. E, por isso, o responsável pela delegação da troika afirma que é urgente a implementação de reformas estruturais que dinamizem a economia e conduzam à criação de emprego.
in Sol
A 05/07/11, novo corte no “rating” de Portugal pela agência Moddy’s, desta vez de 4 níveis, para Ba2, prevendo a necessidade de um novo resgate de forma a atingir taxas de juro sustentáveis em 2013.
Parece que o chamado imposto extraordinário no final do ano ainda não estava considerado, assim como se trata de uma empresa de rating que deu uma notação positiva ao Lehman.
Qual a credibilidade e função de uma agência de rating?
Começo pelo fim, a agência de rating é como um “Nerd” lá do grupo, está sempre com o grupo apesar de não ser a primeira escolha como parceiro, no entanto está lá e a sua opinião conta e muito! Porquê? Ele é aquele que observa tudo ao pormenor, que sabe mais, estuda mais e tem opinião sobre tudo!
Os Países entre eles ignoram-no e a sua opinião é muitas vezes menosprezada porque eles já cá estão há muito tempo, mas quando tem de escolher, opta por saber a opinião da agência de rating que conta muito, talvez porque não temos meios de analisar “tudo” a fundo ou porque o “Nerd” lá do sitio já deu provas de saber do que fala.
E a credibilidade desse “Nerd” no Mundo? O "Nerd" tem sentimentos, pessoas das quais gosta mais e outras de quem gosta menos, assim como é influenciável (dificilmente)!
Talvez o “bully” do quinto ano que lhe roubava o lanche, ou a “donzela” do nono que gastava tudo em gomas e pedia dinheiro para lanchar, fazem agora parte do grupo de amigos onde se dão todos bem... Provavelmente que estes não terão o mesmo nível de confiança (rating) que o amigo que era solidário a partilhar os custos do lanche da “donzela” ou o que paga sempre o café aos amigos.
Assim, percebemos que as agências de rating são Americanas (Dólar), com indicadores próprios e uma grande história de divida Europeia (II GM!), influenciando assim as suas opiniões/notações de acordo com esse historial ou “pressões” económicas Norte-Americanas.
Com isto tudo, sabe-se que em Maio o desemprego jovem subiu cerca de 0,2% para 28,1% face ao mês anterior, quando a media da UE é de 20,4%.
E ao contrário do que se diz por aí com piada, acerca do dispositivo utilizado para deitar os resíduos, chamado de caixote da divida portuguesa, este downgrade da divida tem implicações a todo o nível da sociedade, como o desemprego jovem, gerando desconfiança do País para o exterior, é difícil esperar-se investimentos externos em Portugal que consigam gerar emprego junto da população, porque os nossos “amigos Nerd” assim o decidiram.
Como é sabido, existem à data diversas iniciativas de criação de próprio emprego, no entanto a mais conhecida e talvez mais fomentada pelo IEFP, são os crédito bonificados Microinvest ou Invest +, ambos distinguem-se essencialmente pelo valor máximo do financiamento, porém apesar de terem um carácter de apoio ao jovem desempregado com iniciativa própria e um projecto, são financiamentos Bancários que tem em primeira instância de ser aprovados pelos mesmos. Numa fase em que somos considerados “junk” para os olhos exteriores, onde a Banca Portuguesa não se consegue financiar, como será que a Banca irá continuar a apoiar estes projectos, que apesar do que se pensa não são risco 0 e um investimento mal calculado pode colocar em causa a meta do incumprimento?
O Eurostat reviu, hoje, em alta a taxa de desemprego em Portugal para 12,6%. É um número de que não há memória em Portugal.
Mais preocupante é o número de desemprego entre jovens com menos de 25 anos, que se situa nos 27,4%.
foto picada de presidencia.pt (Mapa de Incidência do Desemprego Jovem em percentagem dos jovens desempregados com menos de 25 anos no total de desempregados - 2007)
Estas palavras foram proferidas por Dominique Strauss-Kahn em Fevereiro deste ano.
Nas palavras do director geral do Fundo Monetário Internacional "Há uma geração perdida de jovens destinados a sofrer toda a vida com o agravamento do desemprego e das condições sociais". Será que o destino dos jovens está cativo das previsões de Strauss-Kahn? Está nas nossas mãos lutar contra a inevitabilidade das suas palavras.
João Cardoso Rosas, in Diário Económico, 18/03/2011
“Em primeiro lugar, pretendem segurança: ter a possibilidade de trabalhar sem medo do que lhes poderá acontecer no próximo mês ou no ano que vem, sair da dependência paterna, casar e ter filhos, etc.”
(...)
“Em segundo lugar, os jovens querem flexibilidade: abertura do mercado de trabalho a quem quer efetivamente trabalhar, possibilidade de mudar e fazer coisas diferentes ao longo da vida, em vez de ficar o tempo todo preso ao mesmo emprego e ao mesmo lugar.”
(...)
“Infelizmente, os partidos políticos portugueses só lhes querem oferecer uma coisa, ou a outra. A esquerda, em particular a extrema-esquerda, apenas quer segurança e nada de flexibilidade. Por isso rejeita qualquer evolução mais arrojada nas relações laborais. Apesar de tudo, essa posição tem alguma razão de ser face àquilo que oferece a direita. Esta pretende a máxima precariedade dos vínculos laborais, a diminuição drástica da cobertura do risco de desemprego, enfim, um desequilíbrio extremo da relação de forças a favor dos empregadores e contra os trabalhadores.”
“O desafio para os parceiros sociais consiste em romper com esta alternativa entre segurança e flexibilidade, interiorizando que a primeira leva ao imobilismo e ao empobrecimento e a segunda à injustiça e à instabilidade social. Foi precisamente nesse sentido que a social-democracia europeia, especialmente na Holanda e na Dinamarca, lançou há muito a ideia e a prática da flexi-segurança, ou flexigurança. (...) Para podermos dar uma resposta à frustração dos jovens - que é também a do país em geral - temos de aprender a conjugar segurança com flexibilidade. Este será um dos grandes desafios do próximo Governo. O atual já nada pode fazer.”
João Cardoso Rosas, economista e docente da Universidade do Minho, é Licenciado em Filosofia e Mestre em Filosofia Social e Política pela Universidade do Porto e Doutor em Ciências Sociais e Políticas (Teoria Política) pelo Instituto Universitário Europeu de Florença. Para além de professor auxiliar na Universidade do Minho, tem também sido professor visitante na Universidade Católica Portuguesa (Lisboa) e na Brown University (Providence, RI).
Sabias que entre 2006 e 2010 para a faixa etária dos 25 aos 34 anos, a taxa de desemprego subiu 47% !!
Intervenção do deputado António Leitão Amaro, PSD, em plenário da Assembleia da República sobre o desemprego e as dificuldades dos jovens portugueses.